Em muitas casas, a hora das refeições se transformam em verdadeiras batalhas. De um lado está a criança, sem apetite e recusando os alimentos; do outro estão os pais, forçando o pequeno a ingerir os pratos preparados.
Mas, afinal, por que a criança não sente fome?
Há duas possibilidades: uma origem orgânica e outra comportamental.
“A causa pode ser orgânica, quando a criança apresenta alguma doença infecciosa ou está carente de nutrientes. Os principais sintomas são apatia, fraqueza, sonolência, pele ressecada, cabelos quebradiços e, em alguns casos, sangramento nas gengivas”, detalha a nutricionista Aline Ribeiro, que recomenda aos pais procurarem imediatamente um pediatra e um nutricionista diante desses sintomas.
Já a falta de apetite com origem comportamental surge no relacionamento familiar e é bem mais difícil de tratar. Pode ser uma maneira de a criança chamar a atenção dos pais ou conseguir alguma forma de compensação.
A família também deve ficar atenta pois, na maioria das vezes, a falta de apetite da criança é um recurso de defesa contra a superalimentação imposta pelos pais. É comum a família servir à criança porções indicadas para um adulto.
Esse era o erro cometido por Edna Morato. “Quando meu filho Vitor tinha 3 anos, passou a recusar os alimentos e dava muito trabalho para comer. Achei que era algum problema de apetite e procurei o pediatra. Ao descrever o prato que ele comia, o médico me mostrou que, na verdade, eu estava oferecendo quantidades muito maiores das indicadas para uma criança da idade dele”, conta Edna.
Ela precisou repensar o momento das refeições para calcular melhor a quantidade oferecida para ele. Com a mudança de postura, a hora das refeições se tornou mais prazerosa, para mãe e para o filho.
Já Débora Malta teve que abandonar os petiscos entre as refeições para garantir que a filha Isabelle se alimentasse melhor. “A falta de apetite só foi contornada após cortarmos os lanchinhos pesados da tarde. Ela comia muita besteira entre as refeições principais. Toda hora estava beliscando uma bolacha, um sanduíche, um chocolate. Substitui os lanches por frutas e ela passou a se alimentar melhor no almoço e jantar”, garante.
Se você está com esse tipo de problema em casa, saiba que adotar alguns passos (e comportamentos) pode ajudar muito.
1. Entenda a quantidade ideal
Um prato cheio de comida pode assustar a criança e, de cara, já criar um sentimento de rejeição. “Não se deve oferecer quantidades grandes demais. O estômago da criança é pequeno, então entenda o quanto ele é capaz de consumir e vá oferecendo os alimentos aos poucos”, sugere o nutricionista infantil Marcio Tekada. Evite também a oferta de bebidas durante a refeição. “A capacidade gástrica da criança ainda é limitada se comparada a de um adulto. Sendo assim, o líquido ocupa espaço e acaba diminuindo a quantidade de comida.”
2. Varie os alimentos
Oferecer o mesmo alimento todos os dias, preparado sempre da mesma forma, vicia o paladar da criança e torna a refeição desinteressante. “A cenoura, por exemplo, pode ser servida cozida, assada, grelhada, ralada crua ou em purê. É importante usar a criatividade no preparo dos alimentos e variar as receitas, para tornar o prato estimulante e atrativo”, explica Aline Ribeiro.
3. Faça pratos coloridos
Crianças têm o lado visual muito aguçado, então quanto mais colorido for o prato, melhor! “Incluir diferentes legumes e verduras é essencial para criar um cardápio nutritivo. Não se restrinja ao duo alface e tomate. Crie combinações criativas, sempre apresentando novos ingredientes entre aqueles que a criança já gosta”, sugere Aline.
4. Formatos divertidos
“Cortadores de biscoito são grandes aliados para dar aos legumes formatos divertidos. Eles ajudam a criar uma aparência mais atrativa aos pratos e estimulam o apetite das crianças. Mas esse recurso deve ser usado com cautela, para não gerar a obrigatoriedade de pratos decorados”, explica Marcio Tekada.
5. Não mascare ingredientes
Nada de cozinhar abóbora no feijão, a beterraba com a carne ou ainda bater todos os legumes em uma sopa. Mascarar os alimentos dificulta o estímulo do paladar, por não permitir que a criança reconheça os diferentes sabores. “A criança deve conhecer os legumes e verduras e aprender a apreciar o sabor de cada um”, diz Marcio.
6. Transforme a refeição um momento especial
O ambiente em que as refeições são realizadas deve ser tranquilo. “Nada de comer assistindo televisão ou mexendo no computador. O momento da refeição deve ser calmo. A criança deve estar sentada à mesa e estar acompanhada pela família. Diante de outros membros da família comendo, a criança se envolve na refeição e se sente integrante e participativa”, diz a nutricionista Aline Ribeiro. Deixar que ela coma usando as mãos também é uma boa estratégia, pois estimula o contato com a textura de cada alimento.
Fuente: Disneybabble