Você usa o SMARTHPHONE ou ele usa VOCÊ?

Outubro, 2021 Você usa o SMARTHPHONE ou ele usa VOCÊ? Somo seres digitais conscientes? A resposta é NÃO. O crescente número de consultas na minha agenda para terapia entre crianças e adolescentes, com pais desesperados pelos problemas que a vida on-line está gerando nas suas vidas, tem sido alarmante. Então não poderia deixar de escrever sobre, alertando como podemos abordar estas questões de forma prática e sempre buscando soluções saudáveis para esta fase tão decisivamente importante na vida e no desenvolvimento dos jovens, desde uma perspetiva da neuropsicologia. São 25 anos de uso do smarthphones, e aproximadamente 10 anos com wi-fi, e toda a tecnologia anexada a esta revolução tecnológica, e as crianças e adolescentes estão cada vez mais necessitando tratamento psicológico e psiquiátrico. E os pais cada vez mais perdidos em como lidar com esse problema!

O que fazer?

Na minha realidade na clínica, na universidade e no hospital psiquiátrico estou bastante preocupada com o que estou observando nos últimos meses, para não dizer anos, que muito provavelmente repercutirão catastroficamente para nosso futuro como seres humanos, se não fazemos uso consciente de todos esses recursos poderosos da tecnologia da comunicação. Estou presenciando um esvaziamento de sentido do ser e uma perda do real sentido de ser usuário a escravo.

Como?

Um empobrecimento cognitivo, um empobrecimento de habilidade emocionais e socias que geram inúmeros transtornos (existentes e em potencial) como depressão, ansiedade, problemas de baixa autoestima, obesidade, alterações no sono, terra fértil para mais problemas mentais, audicão, visão, adição comportamental, transtornos musculo esqueléticos, além do imenso impacto negativo na qualidade das nossas relações sociais, amorosas/sentimentais e familiares. Problemas com atenção e concentração, que afetam todo o potencial das funcoes basicas executoras do deselvolvimento do nosso cérebro. Estamos indo em contra da nossa natureza social e comunitária. Onde por milênios a raça humana somente sobreviveu porque estava unida e socialmente de alguma maneira organizada em grupos com um sentido comum de existência. Nossa necessidade humana de comunicação e troca é o que em grande medida dá sentido e significado a nossa existência. Se não compartimos com o outro, qual o sentido de aprender ou de evoluir. Essa troca necessita ser de pessoa a pessoa, todos nossos recursos neurais e biológicos são acionados em um encontro social, fazemos leituras de várias perspetivas e nosso cérebro se ativa intensamente para predizer qual a melhor forma de atuarmos frente a essa interação. E isso não se pode fazer frente a um smarthphone, computador ou tablet. Por tanto os resultados devastadores estão diante de todos os profissionais da área da saúde, o que antes era um comportamento da era moderna, passou a ser um transtorno mental de repercussões negativas para a vida dos meus pacientes. Estes são alguns dos transtornos da revolução digital
  • Nomofobia (“No-Mobile-Phobia”) Medo de deixar o celular
  • Hikikomori (dele japonês): Isolamento social agudo
  • Technoference: casais perdidos nos seus telefones, uma interferência digital que está estrangulando a qualidade de muitos relacionamentos.
  • Fauxcellarm (“Phantom Ringing”): toque ou vibração fantasma – produz uma espécie de “hipervigilância” que o mantém constantemente esperando e no limite.
  • Cibercondria: Doutor Google – um número crescente de pessoas sente que a Internet é o seu médico preferido. A busca compulsiva de seus sintomas ou outras curas caseiras na Internet produz algo perturbadoramente próximo à hipocondria básica – o medo perpétuo e a obsessão pela doença.
  • “Truman Show” Delusão: Baseado no filme de 1998, este conta a história de um homem que sentia que estava sendo constantemente observado. Eles sentem que suas vidas estão literalmente sendo “transmitidas” para que todos vejam. Quando não tratada, a ilusão do “Truman Show” produzia estilos de vida narcisistas, de busca de atenção e até paranoicos.
A tecnologia parece ser uma necessidade crítica em nossa vida diária. E se bem usada com certeza facilita a nossa vida de muitas formas. Mas quando deixamos de ser usuários para nos tornarmos escravos, então passamos a uma realidade alterada, caótica e doentia. Muitas vezes não podemos imaginar como seria ficar sem nossos smartphones ou a Internet. Basta algumas horas sem conexão e meus pacientes entram em uma situação de stress sem precedentes. E o resultado é que os distúrbios digitais estão em forte ascensão, comprometendo a capacidade de crianças e adolescentes de ter uma vida plena e saudável. Seus cérebros em desenvolvimento os deixam expostos a um risco maior de desenvolver um distúrbio digital. E aumenta a distância entre o despertar da consciência humana e a saúde, fundamentais para uma vida plena e feliz. Adolescentes e jovens tornam-se facilmente viciados em Internet quando os limites adequados não existem. O uso compulsivo, a mudança de comportamento e até mesmo os sintomas de “abstinência” revelam esse vício. E está acontecendo de forma rápida e em muitos casos irreversíveis. Smartphones e computadores são adversários difíceis para os pais, manter a atenção de seus filhos em uma vida fora das mídias sociais parece impossível. Mas não é! Quando primeiramente damos o nosso próprio exemplo sendo disciplinados e conscientes no uso; e fazendo com que crianças e adolescentes aprendam que a vida sem tecnologia é tão ou mais incrível e satisfatória quanto com ela.

Como podemos viver essa era digital sem ser escravos dela e protegendo o nosso cérebro e a nossa saúde? Sendo inteligentes o suficiente buscando controlar o que estamos consumindo e o tempo deste uso:

* Experimente uma tecnologia “rápida” por um período específico de tempo, ensine seus filhos que tem um mundo incrível lá fora para ser vivido e que não precisa ser fotografado ou filmado, a memória é a lembrança que não se perderá na “nuvem”.

* Incentive horários e zonas livres de tecnologia em sua casa. Isso é fácil quando você usa um controle parental confiável com recursos de controle de tempo. E tempo juntos de verdade!!!

Equilibre e coloque limites em seu tempo de tecnologia (para cada hora no computador, neutralize com uma hora fora, exercícios ao ar livre, tempo com amigos em atividades sem aparelhos digitais, etc.) Baixe um contrato de tecnologia familiar gratuito para definir as expectativas desde o início!

Deixe o trabalho no trabalho (evite trazer para casa projetos de trabalho baseados em computador ou celular)

* Se “desconecte” de tecnologia por aproximadamente 4 horas ao dia, quanto mais tempo em contato com a natureza melhor para a sua saúde

* Selecione o conteúdo, neste caso menos significa maior qualidade

* Toque um instrumento musical, faça aulas de manualidades ou trabalhos artesanais, artísticos e comunitários, seja voluntario de alguma missão social, ajude a sua comunidade local a melhor a qualidade de vida…

* Mostre a seus adolescentes as melhores maneiras de usar a Internet na escola e na educação (mostre a eles que isso é mais do que uma média social, é o verdadeiro sentido da vida)

Trabalhe valores, converse sobre o que o mundo está necessitando neste momento para ser um lugar melhor, para nós e para os outros.

Nunca durma com seu telefone, computador ou tablet perto de você!

* Liste e avalie regularmente você e sua família para ver quanta interação social positiva eles desfrutam durante a semana.

* Invista em jogos novos de mesa e sem tecnologia e noites em família (jogos de tabuleiro, desportes, projetos de arte, leitura, caminhadas, piqueniques no jardim, passeios em barco, navegadas, clubes de leitura, clubes sociais em clubes, etc.)

* Animais de estimação são excelentes para manter as crianças e adolescentes conscientes de quais são as responsabilidades e alegrias em cuidar de um ser vivo que nos dá e recebe amor, significativa reciprocidade afetiva.

Uma atitude positiva, desafiadora e a favor de sua saúde física, mental e espiritual, é possível encontrar a liberdade que precisamos em relação à nossa tecnologia. A Internet e nossos dispositivos deveriam ser ferramentas, não algemas ou cadeados. Com ações simples contra o uso excessivo da Internet e da tecnologia, podemos manter a nós mesmos e a nossa família protegida desses perigosos distúrbios digitais e empobrecimento da qualidade de vida humana. Podemos ser ativos nessa interação quando nós o usamos e não ao contrário! Em todos os países que vivi e trabalho, esta situação negativa está já instalada dentro de nossas casas, vamos juntos mudar essa situação negativa em prol do uso consciente da era digital e do crescimento potencial do maravilhoso que somos enquanto serem humanos.


Referencias:

https://netsanity.net/digital-disorders/

www.clariceperes.com

Casa do Saber

https://www.youtube.com/watch?v=tqJ4OOhWOiQ

Algumas Referências por Claudia Feitosa (Casa do Saber):

http://www.feitosa-santana.com

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June 29, 2021

JOY

By Dr. Clarice Peres and Marina Rocha, 12 years old (The Ethical Planet). It is with immense joy and gratitude that we started this project with Abayomi Academy of writing this monthly column. And we will do this as a team, The Ethical Planet family, composed of children, teenagers and I, Dr. Clarice Peres. All together in the same boat, sailing in shallow and deep waters talking about Ethics and Mental Health. With the enthusiasm of a child in the incredible world of neuropsychology!

A for Love, L for Freedom, E for Energy, G for Gratitude, R for Laughter, I for Imagination, A for Friends. Welcome aboard ALEGRIA!!!

J for joyous, O for original, Y for youthful.

Welcome aboard JOY!

Solidarité

By Dr. Clarice Peres and Camila Rodil (14 years old – The Ethical Planet)

On one of these lovely summer afternoons Camila and I talked about what solidarity means in our lives.

Camila: Solidarity is an awareness of shared interests, values, beliefs or goals with other people.
Clarice: Exactly… It’s about US and not only ME
Pie-adhd (EIP-ADHD) questionnaire. Educational intervention program in cognitive and metacognitive strategies for primary education children with ADHD. http://www.revistatog.com/num26.htm

Neuropsicologia dos distúrbios motores

https://www.pearsonclinical.com.br/neuropsicologia-dos-disturbios-motores.html

A CRIANÇA E A NEUROCIÊNCIA TERAPÊUTICA NOS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS INFANTIS: TDA-H E AUTISMO

THE CHILD AND THE THERAPEUTIC NEUROSCIENCE IN INFANT PSYCHIATRIC DISORDERS: ADHD AND AUTISM

Clarice Peres, Ph.D.

Research collaborator at the Mindsight Institute and at the Child & Adolescent Division, Dept. of Psychiatry, UCLA – University of California Los Angeles, USA.

A CRIANÇA E A NEUROCIÊNCIA TERAPÊUTICA NOS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS INFANTIS: TDA-H E AUTISMO

Entendendo a neurociência cognitiva… é a neurociência do conhecimento, ou seja, daquilo que sabemos, que se define mediante relações desde que estávamos dentro da barriga da nossa mãe. Nosso cérebro usa códigos relacionais associativos, formando redes cognitivas, a base de coincidências temporais entre estímulos do entorno (Santiago Ramon Cajal, 1894 e Friedrich, A. Hayek, 1899-1922), sob mecanismos da atenção, da percepção, da memória, da linguagem e da inteligência nosso cérebro adquire, armazena e recupera, influídos pelos nossos sentimentos e emoções. Intrínseca e constante relação entre a corteza e o entorno. O nosso conhecimento e a nossa memória estão contidos em um imenso conjunto de redes (Fuster y Bressler, 2012). Mais especificamente, nossa corteza cerebral, quanto seres humanos, se tornou previsível incorporada ao genoma, com memoria filética (memória genética). Ou seja, um código relacional que define objetos e entidades psicológicas. E minha especialidade como neurocientifica, na neuropsicologia, é estudar e investigar os efeitos clínicos e psicológicos das lesões corticais, usando neuroimagens funcionais mediante tomografia de emissão de pósitrons (TEP), imagens de ressonância magnética (RMf) e eletroencefalograma (EEG).

Então vamos embarcar juntos nesta viagem pelas interfaces do cérebro (estrutura e função), focando na zona pré-frontal; da psique com enfoque neuropsicológico, e de seus recursos e mecanismos terapêuticos para transtornos infantis e da adolescência mais comuns como o TDA-H, a depressão, ansiedade, psicoses, lesões pré-frontais, adição as drogas e o Autismo; na liberdade, na memória de trabalho, no livre arbítrio, no ciclo PA (percepção/ação), nas funções cognitivas, na homeostases, no hipocampo, na ontogenia do cérebro, nos neurotransmissores e na Netrina, na neurobiologia da linguagem, na educação, na resiliência, nas neuronas espelho e na tecnologia relacionada com o nosso cérebro; mantendo o compromisso de abordar nossa liberdade social de ação e participação vinculadas a nossa capacidade cerebral de responsabilidade como seres sociais de escolhas.